O carnaval contemporâneo

… descem à rua com os seus fatos (ou blazers) cinzentos e azuis, as camisas com iniciais bordadas no peito, as gravatas às riscas ou com brasões. Sósias uns dos outros, parecem multiplicados. Agrupam-se por idades e importâncias, nessa marcha hierarquizada, como a de um exército que avança para a conquista infalível: a do sucesso. (...) Julgam que a criação do mundo coincidiu com a data e hora do seu nascimento. Não têm memória nem alteridade. (...) Dizem-se de si que são jovens de elevado potencial e acreditam que, com dinheiro, a juventude lhes será eterna. Estes lobos ávidos confundem informação com sabedoria, interesse com desejo, imagem com visão, alucinação com imaginação. Sofrem de todas as ignorâncias que falseiam a vida. (...) Ignoram que o homem não é mortal porque morre, mas morre porque é mortal.
in Revista «Actual» - José Manuel dos Santos

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